Quando Caixa Econômica Federal anunciou, em julho de 2025, a nova linha de crédito chamada Empréstimo com Garantia de Imóvel Caixa, milhões de brasileiros ficaram de olho nas condições. O produto permite que clientes que ainda pagam financiamento imobiliário ofereçam o próprio imóvel como garantia para obter até 60% do valor de avaliação, com taxa mínima de 1,32% ao mês. A novidade foi divulgada pela Agência Brasil em comunicado oficial publicado no site da agência.
Contexto histórico: o mercado de crédito garantido no Brasil
Desde a fundação da Caixa, em 12 de janeiro de 1861, a instituição tem sido a principal ponte entre o governo e os cidadãos que buscam crédito. Até 2024, o volume de empréstimos garantidos por imóveis girava em torno de R$ 4,2 bilhões, mas a maior parte exigia que o bem estivesse totalmente quitado. Essa restrição deixava fora da mesa um segmento expressivo de tomadores que ainda tinham parcelas a pagar, apesar de terem capital suficiente para garantir novos financiamentos.
O Banco Central, em seu relatório de 2023, apontou que a demanda por crédito com garantia imobiliária crescia 12% ao ano, impulsionada pelo aumento dos preços dos imóveis e pela busca por juros mais baixos. Nesse cenário, a Caixa decidiu abrir caminho, ampliando a base de clientes elegíveis e fortalecendo sua participação no segmento, que já representava 25% do mercado de empréstimos garantidos, segundo dados internos da própria Caixa.
Detalhes do novo empréstimo: taxas, prazos e requisitos
- Taxa de juros a partir de 1,32% ao mês (equivalente a cerca de 22% ao ano).
- Valor máximo do crédito: até 60% da avaliação do imóvel.
- Prazo máximo: 240 meses (20 anos).
- Valor mínimo da operação: R$ 50.000.
- Aceita imóveis residenciais, comerciais ou de uso misto, desde que estejam situados em áreas urbanas.
O cliente pode usar o dinheiro para o que quiser – desde a reforma da casa até a abertura de um novo negócio – e o imóvel permanece habitável. Como explicou Carolina Silva, diretora de Produtos de Crédito da Caixa, "a garantia não impede que a família continue morando no imóvel; ela apenas assegura a operação para o banco".
Para solicitar o empréstimo, o interessado pode fazer a simulação nas agências da Caixa espalhadas pelos 26 estados e no Distrito Federal, ou ainda pelo aplicativo Caixa Tem. Caso o cliente ainda não seja correntista, a conta na Caixa deverá ser aberta antes da assinatura do contrato.
Reações do mercado e expectativas dos especialistas
Ao lançar a modalidade, a Caixa passou a concorrer mais diretamente com o Banco Bradesco, Itaú Unibanco e Santander, que já oferecem produtos semelhantes, porém com taxas que costumam ficar acima de 1,6% ao mês. "É um movimento ousado, porque reduz a diferença de juros entre empréstimos garantidos e não garantidos", comentou José Almeida, economista-chefe do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMC). "Isso pode pressionar o resto do sistema bancário a baixar as tarifas, sobretudo para quem tem imóvel, mas ainda está pagando o financiamento original."
Os consumidores também demonstraram otimismo. Em uma pesquisa rápida realizada pela Caixa em julho de 2025, 68% dos respondentes afirmaram que considerariam a nova linha, principalmente para quitar dívidas com juros mais altos. Já 22% disseram que utilizariam os recursos para investimentos em pequenos negócios, sinalizando potencial efeito multiplicador na economia local.

Impacto no portfólio da Caixa e no cenário de crédito brasileiro
De acordo com o comunicado, a Caixa já detém cerca de R$ 6,7 bilhões em contratos ativos sob a modalidade de garantia imobiliária, distribuídos em aproximadamente 54 mil contratos. Com a nova regra que aceita imóveis ainda financiados, a instituição projeta um crescimento anual de 15% no número de contratos até 2027, o que pode elevar o volume total para quase R$ 10 bilhões.
Além do aumento de volume, a diversificação do risco é outro ponto favorável. Como o empréstimo é garantido por um bem tangível, a taxa de inadimplência tende a ser menor que a dos empréstimos pessoais não garantidos, que rondam 7% segundo o Banco Central. Essa redução pode melhorar o índice de capital da Caixa e permitir que a instituição canalize recursos para outras áreas estratégicas, como financiamento habitacional e microcrédito.
Próximos passos: o que esperar nos próximos meses
A Caixa divulgou que, nos próximos três meses, pretende ampliar a campanha de divulgação nas redes sociais e nas lojas de loteria, onde a presença da Caixa é tradicional. Também está em análise a possibilidade de oferecer linhas de crédito com taxa fixa de 1,53% ao mês, além da modalidade com ajuste da Taxa Referencial (TR), que atualmente gira em torno de 1,40% + TR.
Se tudo correr como planejado, poderemos ver um aumento significativo no número de imóveis usados como garantia, o que, por sua vez, pode estimular o setor de avaliação imobiliária. Empresas como a Crefic já sinalizaram interesse em atualizar suas metodologias de avaliação para atender à demanda crescente.
Perguntas Frequentes
Quem pode solicitar o Empréstimo com Garantia de Imóvel Caixa?
Podem solicitar tanto clientes atuais da Caixa quanto novos interessados, desde que possuam um imóvel urbano (residencial, comercial ou misto) que esteja quitado ou ainda sendo financiado pela própria Caixa. É necessário abrir conta na instituição antes da contratação.
Qual a taxa de juros e o custo total desse empréstimo?
A taxa de juros começa em 1,32% ao mês, o que equivale a aproximadamente 22% ao ano. O custo efetivo total (CET) pode chegar a 22% ao ano, ainda bem abaixo dos 30% ao ano cobrados pelos empréstimos pessoais não garantidos.
Qual o limite de crédito e como é definido?
O valor máximo liberado é de até 60% do valor de avaliação do imóvel, que é realizado por peritos credenciados pela Caixa. O limite mínimo da operação é de R$ 50 mil.
O imóvel fica indisponível para moradia durante o contrato?
Não. O imóvel permanece habitável e pode ser usado normalmente. Ele apenas fica alienado como garantia, o que significa que a Caixa tem direito de execução em caso de inadimplência, mas a ocupação continua garantida ao proprietário.
Quais são as opções de pagamento disponíveis?
O cliente pode escolher entre a "tabela saque", que permite retiradas periódicas de acordo com a necessidade, ou a "tabela price", que fixa as parcelas mensais ao longo do prazo de até 240 meses.
Raphael Mauricio
outubro 11, 2025 AT 22:02Ao pensar em usar a casa como garantia, lembro das noites em que paguei o financiamento com o coração apertado, e agora a possibilidade de liberar um dinheiro extra parece um alívio inesperado.
A taxa de 1,32% ao mês ainda é um peso, mas comparada aos juros abusivos de outros bancos, pode ser a saída que eu precisava.