Ex-funcionário faz refém motorista de ônibus em Itaquera e causa pânico no trânsito de SP

Momento de tensão em Itaquera: ex-funcionário sequestra motorista de ônibus

Por volta das 17h40 do dia 30 de abril de 2025, quem passava pela Avenida José Pinheiro Borges, em frente à estação Itaquera do metrô, sentiu na pele o caos instalado após um sequestro em Itaquera. O autor do crime foi Adriano, 36 anos, que havia trabalhado como cobrador de ônibus na mesma linha — 407L-10 (Barro Branco/Guilhermina Esperança) — por três anos antes de pedir demissão, há apenas dois meses.

O motorista, estrangeiro e com cerca de 60 anos, era o único passageiro no coletivo naquele momento fatídico. Segundo testemunhas e relatos da Polícia Militar de São Paulo, Adriano embarcou já visivelmente abalado. Em questão de minutos, anunciou o sequestro e, armado com uma faca, fez do motorista um refém, obrigando-o a parar o ônibus em meio à avenida, atravessando o veículo e bloqueando o tráfego.

Negociação tensa e fechamento de vias importantes

Negociação tensa e fechamento de vias importantes

O episódio causou um nó no trânsito de zonas leste e norte de São Paulo. Para garantir a segurança, a PM interditou as avenidas Doutor Luís Ayres e Professor Engenheiro Ardevan Machado, jogando o tráfego em Itaquera no modo extremo de lentidão. Enquanto o sol se punha, viaturas do GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais) chegaram prontamente ao local. Os negociadores não pouparam qualquer esforço para acalmar Adriano, que pouco depois revelou detalhes do seu drama pessoal: enfrentava um recente divórcio, um familiar doente e tinha sido deixado sem renda desde que saiu do emprego.

Apesar da tensão, houve uma diferença marcante desse sequestro em Itaquera em relação a outros casos: Adriano liberou todos os passageiros logo no início, expressando o desejo de ser ouvido e de receber apoio jurídico. Em vez de violência, buscava diálogo. Os negociadores aproveitaram a abertura. A cada nova rodada de conversa, as equipes tentavam mostrar alternativas ao ex-cobrador — e mantinham olhos atentos aos riscos, caso ele mudasse de ideia.

O bloqueio do transporte coletivo agravou a situação para quem chegava ou saía do bairro. Além disso, moradores acompanharam tudo de perto, filmando com celulares, enquanto seguidores nas redes comentavam ao vivo a operação.

Por volta das 20h, após quase três horas de discussões, finalmente o impasse terminou: Adriano se entregou, foi preso e o motorista, aliviado, saiu sem ferimentos. O clima de cautela se transformou em um misto de cansaço e alívio para todos ali. O ônibus, cercado e ainda interditando a avenida, virou símbolo de um fim de tarde dramático para quem depende do transporte na região.

Até o fechamento desta matéria, a polícia segue investigando as motivações para o crime. O mais provável é que os fatores econômicos, agravados pelo desemprego recente de Adriano, tenham pesado na decisão de recorrer a uma atitude desesperada. Episódios como esse escancaram a dura realidade vivida por trabalhadores que, quando encurralados, procuram saídas radicais para situações-limite.