Em um movimento sem precedentes na história moderna da monarquia britânica, o Príncipe Andrew foi oficialmente despojado de seu título de príncipe e obrigado a deixar o Royal Lodge em Windsor Great Park. O anúncio, feito pelo Palácio de Buckingham em 30 de outubro de 2025, marca o fim de uma era de impunidade para o terceiro filho da rainha Elizabeth II — e a conclusão de mais de seis anos de pressão pública, processos civis e desgaste institucional causado por seu vínculo com o criminoso sexual Jeffrey Epstein. Andrew, agora formalmente conhecido como Andrew Mountbatten-Windsor, perderá o direito de usar o prefixo "Sua Alteza Real" e não poderá mais residir em propriedades da Coroa. A decisão, que entra em vigor em 31 de dezembro de 2025, foi tomada após uma reunião de emergência no Castelo de Balmoral, com o rei Charles III, o príncipe William e outros membros sêniores da família real.
Um afastamento que veio tarde demais
A queda de Andrew não foi súbita — foi o ápice de uma desintegração lenta. Desde a entrevista desastrosa à BBC em 2019, quando ele negou ter conhecimento das atividades de Epstein, mesmo com 37 chamadas registradas entre 1999 e 2010, sua imagem pública se desfez. O mundo viu imagens dele abraçando Virginia Giuffre, então com 17 anos, em um salão de Epstein em Londres, vestida apenas com um biquíni. Giuffre, que morreu em abril de 2025 aos 41 anos na Austrália, acusou Andrew de abuso sexual em duas ocasiões em 2001 — uma em Londres, outra em Palm Beach. Ele sempre negou, mas em 2022 pagou US$ 12 milhões em acordo extrajudicial para encerrar o processo civil. O dinheiro não apagou a vergonha. Nem o silêncio.A instituição que não podia mais ignorar
O Palácio de Buckingham, que por anos tentou proteger Andrew com vagas declarações de "lamentação" e "apoio à família", agora claramente escolheu a instituição acima do indivíduo. O comunicado foi claro: "Essas medidas são consideradas necessárias, apesar de ele continuar negando as acusações." Isso é raro. Raro porque, na monarquia, a negação geralmente é respeitada — mesmo quando a evidência é pública. Mas aqui, o rei Charles III, que desde sua coroação em maio de 2023 se comprometeu a modernizar a monarquia, não teve escolha. A imagem da Coroa estava sendo corroída por associações com um dos maiores escândalos sexuais da década. A expulsão de Andrew é, acima de tudo, um sinal: a monarquia não é mais um santuário para os poderosos.Quem mais está envolvido?
O nome de Ghislaine Maxwell aparece em todos os documentos. A ex-parceira de Epstein, condenada em 2022 a 20 anos de prisão, foi a ponte entre o bilionário e a elite. Ela supostamente recrutou jovens — como Giuffre — e os entregou a homens poderosos. Andrew não foi o único. Mas foi o único príncipe. E foi o único que teve acesso direto a residências reais. Enquanto Epstein operava em suas propriedades em Nova York, Virgin Islands e Palm Beach, Andrew frequentava esses lugares como convidado de honra — e, segundo testemunhas, como participante ativo. A polícia britânica não pode processá-lo por lei de imunidade real, mas os EUA ainda têm cartas na manga. Documentos sigilosos do caso Epstein, incluindo listas de nomes e e-mails, serão parcialmente liberados em 15 de janeiro de 2026 pelo Tribunal Federal do Distrito Sul de Nova York. A expectativa é que novos nomes apareçam. E a pressão para mais expurgos pode aumentar.
O custo da exclusão
O Royal Lodge, uma residência de 30 cômodos em meio aos jardins de Windsor, custa £65.000 por ano em manutenção pública. A partir de janeiro de 2026, esses recursos serão cortados — e Andrew terá que arcar com o custo de sua nova moradia. Ele não recebe salário real, mas viveu por 21 anos em uma propriedade que pertence à Coroa. A realocação não será barata. Fontes próximas à família dizem que ele já está buscando uma casa em Hampshire, mas sem apoio financeiro. A esposa, Sarah Ferguson, já viveu anos longe da vida pública, mas agora o isolamento é total. Andrew não terá mais acesso a eventos reais, nem a protocolos de Estado. Será, na prática, um cidadão comum — e, para muitos britânicos, um símbolo de impunidade que finalmente foi removido.O que muda agora?
A monarquia perdeu um membro, mas ganhou em credibilidade. O rei Charles III, que já havia retirado títulos militares de Andrew em 2022, agora completa o processo. O príncipe William, herdeiro do trono, vê nisso uma oportunidade de consolidar a nova imagem da família: mais transparente, mais responsável. A decisão também serve como advertência para outros membros da família: o privilégio não protege da justiça moral. Ainda que Andrew não vá a julgamento criminal no Reino Unido, a sociedade já o julgou. E condenou.Frequently Asked Questions
Por que o Príncipe Andrew ainda não foi processado criminalmente no Reino Unido?
Por causa da Lei de Imunidade Real de 1701, que protege membros da família real de processos penais por atos cometidos em função ou por associação à Coroa. Embora a lei seja antiga e criticada, ela ainda está em vigor. Isso não impede investigações ou ações civis — como o caso de Giuffre — mas bloqueia acusações criminais no território britânico. No entanto, autoridades nos EUA ainda podem investigar, especialmente após a liberação de documentos em janeiro de 2026.
O que acontece com o Royal Lodge agora?
O Royal Lodge será devolvido à Coroa e passará a ser usado para acomodar outros membros da família real ou convidados de Estado. A manutenção pública de £65.000 por ano será encerrada. Embora o prédio seja historicamente significativo, não é uma residência principal — e sua ocupação por Andrew era um privilégio, não um direito. A decisão de não atribuí-lo a outro membro da família é sinal de que a monarquia quer evitar novos escândalos de alojamento.
Como reagiu a família real ao anúncio?
A família real não fez declarações públicas adicionais, mas fontes próximas confirmam que a decisão foi unânime. O rei Charles III, o príncipe William e a duquesa de Cambridge consideraram a manutenção de Andrew dentro da instituição uma ameaça à legitimidade da monarquia. A esposa de Andrew, Sarah Ferguson, foi informada com antecedência e não contestou a medida. A família optou por silêncio estratégico — um sinal de que a união é mais importante do que a lealdade cega.
O que os documentos do caso Epstein em janeiro de 2026 podem revelar?
Mais de 1.000 páginas de e-mails, listas de convidados e registros financeiros serão parcialmente liberadas pelo tribunal de Nova York. Especialistas acreditam que podem surgir novos nomes de figuras públicas que tiveram contato com Epstein e Maxwell. Embora Andrew já tenha sido identificado, novas evidências podem confirmar a extensão de seu envolvimento — e até revelar se ele foi apenas um convidado ou um participante ativo na rede de tráfico. A liberação será acompanhada de perto por jornalistas e advogados de vítimas.
Andrew ainda pode retornar à vida pública em alguma forma?
Não. A decisão do Palácio é definitiva e sem apelação. Ele não pode mais usar títulos, representar a Coroa, participar de eventos reais ou residir em propriedades da família. Embora tecnicamente ainda seja um descendente da rainha, sua posição institucional foi extinta. Qualquer tentativa de retorno seria vista como uma ofensa à memória das vítimas e à nova direção da monarquia. A exclusão é total — e intencional.
Essa decisão muda o futuro da monarquia britânica?
Sim. Ao expulsar um príncipe por comportamento moralmente inaceitável, a monarquia envia um recado claro: o privilégio não é absoluto. Isso fortalece a legitimidade da instituição perante gerações mais jovens e críticas globais. Embora a popularidade da família real ainda seja alta, a confiança depende de integridade. Andrew foi o último grande escândalo da era Elizabeth II. Charles III agora tenta construir uma monarquia que não se esconde atrás de títulos — e isso pode ser o início de uma nova fase.